Por Prof. Dr Paulo Augusto de Arruda Mello.
O lacrimejamento do recém-nascido nunca é normal. A causa mais comum (principalmente quando ocorre apenas em um olho) é o canal da lágrima estar entupido, mas também pode ser devido à outras patologias, como Glaucoma Congênito que pode cegar.
O diagnóstico diferencial é muito importante.
A glândula lacrimal, localizada próximo a sobrancelha no quadrante temporal, fabrica a maior parte da lágrima que banha o olho. Com o piscar ela é empurrada para os pontos lacrimais, espécie de ralo, situados nos cantos das pálpebras, perto do nariz ( Figura 1). De lá ela vai para o saco lacrimal e depois para o nariz. Do nariz a lágrima segue para a garganta e aparelho digestivo. Então, engolimos a lágrima constantemente.
Qualquer obstrução no trajeto leva a um acumulo de lágrima e lacrimejamento.
Importante: a lágrima acumulada no saco lacrimal fica parada e predispõe a infecções bacterianas. A secreção, inicialmente aquosa, pode tornar-se purulenta, amarelada, pela sua retenção na via de drenagem e infecção. Mesmo com todos os cuidados de massagem e limpeza, pode ser necessário o uso de colírio antibiótico.
Tratamento
A maioria das obstruções tem resolução espontânea com massagens. Mas, se não houver solução, deve ser feita sondagem das vias lacrimais, um pouco antes do bebe completar um ano de vida.
Com 18 meses de idade, as possibilidades de se obter bom resultado com sondagem já são bem reduzidas.
O bebê deverá passar por uma avaliação oftalmológica.
A consulta é necessária para descartar outras causas para lacrimejamento estar acontecendo como: conjuntivite, corpo estranho de córnea, úlcera de córnea e glaucoma congênito. Todas elas necessitam tratamento imediato.
No caso de obstrução das vias lacrimais, o oftalmologista avaliará se será necessário o uso de colírio antibiótico, explicará como fazer a massagem, a limpeza local e fará acompanhamentos periódicos para verificar a evolução do quadro, se indicará ou não a sondagem.